Temos exemplo de pessoas assim tanto na Bíblia como na vida cotidiana. O povo de Israel, depois que saiu do Egito liderados por Moisés, sentia saudades da escravidão quando as coisas não estavam muito boas para eles. Essa é uma característica de pessoas que não abandonaram suas antigas amarras: eles sentem falta de uma situação ruim só porque a condição atual delas também não está favorável.
Quando saímos de período de crise precisamos tirar dele as lições necessárias e tocar o barco. Conheço pessoas que se gloriam tanto de seu passado triste que vive sempre de acordo com ele. É necessário que vejamos que as coisas desagradáveis só cumprem o seu papel em nós não nos dispomos a não cometer os mesmos erros.
Mudar a forma como vemos o mundo e as pessoas também pode representar um grande passo para a melhoria de vida. Pessoas muito críticas (como eu) geralmente têm dificuldades em ver uma mesma situação por outro ângulo. Precisamos entender que existe mais de uma forma de ver a mesma coisa e que a nossa visão nem sempre está correta. Isso tem muito que ver com a flexibilidade. Pessoas inflexíveis vivem se autocensurando porque não conseguem se relacionar bem com as pessoas. A inflexibilidade delas atrapalha seus relacionamentos porque ninguém é 100% perfeito e nem imperfeito. Todos temos as nossas falhas, umas mais graves outras menos, mas temo-las irrecusavelmente. Ser flexível é aceitar que as pessoas podem cometer erros e que merecem meu perdão quando errarem comigo, da mesma forma como eu gostaria de ser perdoado quando errar com elas. Perdoar os erros das pessoas é, portanto, o primeiro passo para uma vida livre de amarras, de rancores, de medos. Uma pessoa que perdoa aos outros os seus erros é capaz também de se perdoar quando erra consigo mesma. Quantas vezes ficamos arrasados quando cometemos um erro que julgamos impraticável e não conseguimos nos perdoar?
Quando eu era criança a vida não era muito boa. Não tínhamos muita comida, na verdade ela era tão escassa que nem sempre tínhamos o que comer. Minha família não era muito estruturada e sonhar era algo a que nós não ousávamos.
Desde muito pequeno, era curioso e, às vezes, me pegava perguntando o porquê que a nossa vida tinha de ser tão ruim. Não entendia por que meus pais brigavam tanto e nem por que nem sempre podíamos almoçar como todas as crianças de Padre Paraíso.
Com o passar do tempo, fui aprendendo que o problema não era só meu. Outras pessoas tinham o mesmo problema ou outros mais graves e complicados ainda. Definitivamente, a vida não era muito agradável, mas aos 10 anos de idade ousei sonhar. A despeito do que a minha situação aparentava ou da realidade que eu vivia e da pouquíssima fé que eu tinha, ousei querer algo novo para a minha vida. Foi nessa época que tive um encontro pessoal com Cristo, que mudou minha vida por completo.
Hoje, aos 25 anos de idade, estou construindo aquilo que sonhei há quinze anos. Aprendi a desenvolver e a usar a minha fé. Estou fortalecendo o meu caráter, pois os problemas da nossa vida podem nos fazer ter um caráter endurecido, infiel, mentiroso e fraco. Na verdade, muitas perdas que tivemos se devem às nossas falhas de caráter. Se não aprendermos a corrigir essas falhas, teremos sempre uma pedra nos impedindo de seguir nossos sonhos, que podem até mesmo aniquilados pela nossa falta de tratamento de caráter.
Nesses 25 anos aprendi princípios, estratégias, estudei muito, li mais de mil livros, conheci pessoas incríveis buscando alcançar o sucesso. Contudo, aprendi que o sucesso verdadeiro só viria depois que aplicasse tudo aquilo que ouvi de Deus, tal como fez Noé quando Deus o mandou construir uma Arca. Ele só entrou na Arca depois de ter feito tudo conforme o Senhor lhe ordenara.
Deus já me tinha em seu coração, já me amava com amor incondicional, mas o sucesso depende de leis específicas que o próprio Deus estabeleceu. O que eu precisava era aprender a depender mais de Deus e menos de mim. Eu ainda tinha de aprender que andar com o Pai é um processo e não algo momentâneo. Eu estava GRAVADO EM SUAS MÃOS e os seus olhos me contemplavam dia a dia, mas ele queria me ensinar (e ainda quer) a andar com ele de graça e em graça para transformar minha vida.
Tenho certeza de que quando Thomas Edison começou a trabalhar na criação da lâmpada elétrica, ele nem me imaginasse que conseguiria. Talvez muitos duvidaram dele, acharam que aquilo não fosse dar em nada. Mas ele não desistiu e, depois de mais mil tentativas, ele conseguiu.
Quando intentamos um grande projeto, a primeira coisa que precisamos fazer é dar o primeiro passo. No meu caso, o primeiro passo que dei para mudar minha vida foi ter reconhecido Jesus Cristo como meu único e suficiente Salvador. Foi o primeiro degrau da minha vida para que eu pudesse sonhar com alguma coisa.
Foi a partir de então que eu entendi que havia um sonho para mim, um plano maravilhoso que eu deveria correr atrás dele. Não era um plano qualquer, era um plano escrito pelo próprio Deus. Quem escrevera o plano sabia quão grandioso ele era e, por isso, também sabia quanto sacrifício ele exigiria de mim.
Isso me faz lembrar o menino Salomão. Ele queria ser um rei que agradasse a Deus e que tivesse sucesso. Por isso ele escolheu dar o primeiro passo: pedir sabedoria. O futuro rei Sabia que o sucesso do seu reinado dependia de sua dependência de Deus. Ele sabia e reconhecia que não seria uma tarefa fácil, que encontraria muitos obstáculos pelo caminho. Ele tinha consciência de que precisaria ter entendimento e sabedoria e de um brilhante passo para se tornar um homem que foi.
O primeiro passo, subir o primeiro degrau é importante, mas não é o suficiente. Não adianta dar o primeiro passo e ficar nele o resto da vida. Muita coisa estava por vier na vida de Salomão e de todos os outros homens que tiveram sucesso depois que subiram o primeiro degrau dos seus sonhos. Salomão precisava se manter diante de Deus para continuar brilhando em seu reinado. Ele não fez isso e acabou sua vida de forma muito triste. (Livro GRAVADO EM SUAS MÃOS - Anderson Cruz)
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